Filme narra luta de indígena para preservar tradições em aldeia urbana
O curta-metragem Caído do Céu realiza as filmagens na comunidade Aldeia Água Bonita, em Campo Grande. O projeto cinematográfico foi idealizado pelo indígena Terena, Anderson Terena, produzido por Bianca Machado e direção de Dannon Lacerda. O filme narra a luta de Ailton, um jovem indígena da etnia Terena, para preservar as tradições do seu povo em uma aldeia urbana.
“Ele é um jovem que se preocupa com a cultura ancestral e com a especulação imobiliária que ameaça sua comunidade. Percebe que os indígenas da sua aldeia estão deixando de lado os trajes, danças, rituais de pajelança e comidas típicas, além da questão religiosa, pela intolerância de alguns com os costumes, danças e grafismos dos povos indígenas, dizendo que isso não provém de Deus”, descreve Anderson Terena proponente, protagonista e que ajudou a fazer o roteiro através dos relatos das experiências pessoais.
Além de Anderson, no papel de Ailton, todo o elenco é indígena com diversos atores das aldeias Água Bonita, Tarsila do Amaral e Marçal de Souza, de Campo Grande, além de um ator de uma aldeia de Dois Irmãos do Buriti.
“Conseguimos reunir a melhor equipe possível com um elenco incrível e inédito para uma produção sul-mato-grossense. É um filme que nasceu em um momento de retomada da minha identidade e resgate da minha ancestralidade. Coincidentemente, conversando com a Sônia, moradora da aldeia urbana e tia do Anderson, percebi que poderia contribuir para contar essa história. Então, Caído do Céu é um recorte ficcional inspirado na história do Anderson, através do personagem Ailton, buscando uma reflexão sobre o contexto dos povos indígenas que vivem em comunidades urbanas”, detalha, Dannon Lacerda, diretor de Caído do Céu.
O curta-metragem foi um dos projetos selecionados através da Lei Paulo Gustavo e tem o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande. As produções começaram em maio, os ensaios no dia 20 de junho, na OCA da aldeia Água Clara, e seguiram até a véspera do início das filmagens, 10 de julho. A previsão de estreia é para o mês de setembro.
“A temática desse curta tem uma potência de abordar algo pouco falado em Mato Grosso do Sul: a realidade das aldeias urbanas, os desafios, complexidades, desejos e esperanças. Se conseguir com esse filme que as pessoas reflitam sobre a situação das aldeias urbanas e se juntem a elas na luta pelos seus direitos, certamente estarei cumprindo a função mais nobre da arte, como diria Brecht, que é de acordar as pessoas”, finaliza Dannon Lacerda, diretor e produtor de sete curtas e um longa-metragem, selecionados e premiados em diversos festivais no Brasil e no exterior.
fonte: Campo Grande News